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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

Roubei daqui

Navio negreiro
(Castro Alves)


É num sonho dantesco, tombadilho
Tinir de ferros, estalar do açoite
Legiões de homens negros como a noite
Horrendos a dançar
Negras mulheres
Levantando as tetas
Magras crianças
Cujas bocas pretas
Regam o sangue das mães
Outras moças
Mas nuas, assustadas
No turbilhão de espectros arrastadas
Em ânsia e mágoas vãs
Um de raiva delira
Outro enlouquece
Outro que de martírios embrutece
Chora e dança ali
Senhor Deus dos desgraçados
Dizei-me vós
Senhor Deus
Se é loucura, se é verdade tanto horror
Perante os céus
Quem são esses desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Dize-o tu severa musa
Musa libérrima audaz
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão
Homens simples, fortes, bravos
Hoje míseros escravos
Sem ar, sem luz, sem razão
Lá nas areias infindas das palmeiras no país
Nasceram crianças lindas
Viveram moças gentis
Passam um dia a caravana
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus
Adeus oxossa do monte
Adeus palmeira da fonte
Adeus amores
Adeus
Senhor Deus dos desgraçados
Dizei-me vós Senhor Deus
Se é loucura se é verdade tanto horror
Perante os céus
Oh mar por que não apagas de tuas vagas
De teu manto este borrão
Astros, noite, tempestade
Rolai das imensidades
Varrei os mares tufão
Existe um povo
Que a bandeira empresta
Para cobrir tanta infâmia e covardia
Que deixa transformar-se nesta festa
Em manto impuro de bacante fria
Meu Deus, meu Deus
Mas que bandeira é essa
Que impudente na gávea tripudia

Auriverde pendão da minha terra
Que a brisa do Brasil beija e balança
Antes te houvessem roto na batalha
Que servires a um povo de mortalha
Mas a infâmia é demais
Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do novo mundo
Andrada arranca este pendão dos ares
Colombo fecha a porta de teus mares

Anônimo poesiou às 00:20

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